Exortação Apostólica DILEXI TE (“Eu te amei”)
- DIOCESE EUNÁPOLIS

- 23 de out.
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A visão geral do pensamento do Papa Leão XIV na Exortação Apostólica Dilexi te (“Eu te amei”) pode ser sintetizada em torno de um eixo central: a fé cristã que se traduz em obras concretas de amor, especialmente no cuidado dos pobres. O texto é uma profunda meditação sobre o coração do Evangelho e o modo como a Igreja deve encarnar o amor de Cristo no mundo contemporâneo. Eis os principais eixos do pensamento do Santo Padre:
1. O amor de Deus é o fundamento da vida cristã
O Papa Leão XIV parte da certeza de que “Deus nos amou primeiro” (1Jo 4,19). Toda a vida cristã é uma resposta a esse amor que se faz concreto, próximo e misericordioso. O título Dilexi te (“Eu te amei”) — tomado do Apocalipse — expressa esse amor pessoal e incondicional de Cristo por cada ser humano, especialmente pelos frágeis e esquecidos.
O amor divino não é um sentimento abstrato, mas uma força que se encarna na história. A fé, para o Papa, só é autêntica quando se manifesta em gestos visíveis de caridade e justiça.
2. O amor aos pobres é parte essencial da fé
Seguindo a linha dos Evangelhos e da tradição da Igreja, o Papa afirma com vigor que amar os pobres não é uma opção entre outras, mas um elemento constitutivo da fé cristã.
“No coração de Deus ocupam lugar preferencial os pobres”, recorda ele, ecoando as bem-aventuranças (Lc 6,20).
O amor preferencial pelos pobres não tem caráter ideológico, mas teológico: é a forma como Deus ama. A opção pelos pobres é, portanto, uma resposta à própria maneira de agir de Cristo, o Servo sofredor que assumiu a pobreza para enriquecer-nos com sua graça.
3. A caridade é expressão visível da fé
A Dilexi te insiste que a fé que não se traduz em obras é morta (cf. Tg 2,17). A caridade, nesse sentido, não é um gesto assistencialista ou filantrópico, mas o reflexo da comunhão com Deus.
Desde os tempos apostólicos, o cuidado dos necessitados foi sinal da presença do Espírito na Igreja. A história cristã é repleta de santos que viveram esse amor concreto — de São Lourenço a Santa Teresa de Calcutá.
O Papa recorda que “quem serve o pobre toca as chagas de Cristo” e que cada ato de compaixão é uma Eucaristia prolongada na vida cotidiana.
4. A Igreja como “pobre com os pobres”
Leão XIV propõe uma imagem de Igreja simples, solidária e próxima dos últimos. Inspirado no testemunho de São Francisco de Assis e na espiritualidade do Papa Francisco, ele pede que a comunidade cristã viva uma pobreza evangélica: não como miséria, mas como desapego e confiança na Providência.
Ser “pobre com os pobres” significa não apenas ajudá-los, mas compartilhar sua vida, suas dores e suas esperanças, reconhecendo neles o rosto de Cristo.
5. Denúncia das novas formas de pobreza e exclusão
O Papa demonstra grande sensibilidade social e profética. Ele denuncia com clareza:
• as desigualdades econômicas crescentes;
• a indiferença diante da fome e do sofrimento;
• a marginalização das mulheres e dos frágeis;
• e a cultura do descarte, que elimina quem não produz ou não tem valor utilitário.
A Igreja, segundo ele, não pode permanecer neutra diante dessas injustiças: deve reacender a compaixão e ser sinal do amor que transforma estruturas e corações.
6. Conversão do coração e missão
Mais do que um texto social, Dilexi te é um apelo à conversão pessoal e comunitária. Amar os pobres é amar Cristo; aproximar-se deles é deixar-se evangelizar por eles.
O Papa propõe uma espiritualidade da misericórdia, na qual a oração e o serviço caminham juntos. O encontro com o Cristo Eucarístico deve prolongar-se no encontro com o Cristo que sofre nos irmãos.
7. Um chamado à ação eclesial concreta
Por fim, o Papa Leão XIV transforma a reflexão em convite pastoral. Ele pede que cada paróquia, comunidade e família:
• examine sua consciência diante do mandamento do amor;
• promova gestos concretos de solidariedade e partilha;
• cultive uma pastoral da caridade viva e criativa;
• e testemunhe uma fé que se traduz em obras de misericórdia.
Síntese final
Em Dilexi te, o Papa Leão XIV oferece à Igreja um programa espiritual e pastoral baseado no amor concreto, que une fé, compaixão e compromisso social.
Seu pensamento pode ser resumido nesta frase central:
“Amar a Deus é amar o pobre; servir o pobre é servir o próprio Cristo.”
Trata-se, portanto, de um chamado a redescobrir a beleza do Evangelho vivido com simplicidade, misericórdia e obras de amor — a fé que se traduz em obras.
Dom José Edson Santana Oliveira
Bispo Diocesano




