A DIOCESE DO DESCOBRIMENTO
A Primeira Missa no Brasil foi celebrada pelo padre Frei Henrique de Coimbra no dia 26 de abril de 1500, num banco de coral na praia da Coroa Vermelha no litoral sul da Bahia. Foi rezada uma missa de Páscoa, a primeira de tantas que desde então foram celebradas naquele que veio a tornar-se o maior país católico do mundo. Disse Pero Vaz de Caminha, na Carta a El-Rei, em 1º de maio de 1500: “… E quando veio o Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles (os índios) se levantaram conosco e alçaram as mãos, ficando assim, até ser acabado: e então se tornaram a assentar como nós… e em tal maneira sossegados, que, certifico a Vossa Alteza, nos fez muita devoção”...
A Primeira Missa no Brasil, quadro de Victor Meirelles.
Para o enriquecimento desta pequena obra histórica, transcrevo com autorização do autor, o padre Gilson Magno dos Santos, professor da Universidade Federal da Bahia, as páginas 15, 16 e 17 do livro a letra no papel – 2011 – Editora Vento Leste. “Tenho viva certeza de que o discurso do Papa João Paulo II, na sua Peregrinação Apostólica, na Cidade de Salvador da Bahia, no dia 07 de julho de 1980, se concretizou no reconhecimento histórico-religioso da Costa do Descobrimento do Brasil. Não poderíamos deixar de antever, neste sitio histórico, um Santuário Eucarístico como marco da Primeira Eucaristia celebrada no Brasil.
João Paulo II proferiu palavras imorredouras sobre a história religiosa do povo brasileiro, as quais constituem um legado, de modo particularíssimo, para a Diocese de Eunápolis: “faz quase 480 anos, que circundados, por um grupo de descobridores e talvez de índios atônitos e curiosos, Frei Henrique de Coimbra celebrava a Santa Missa sobre o massapé batizado como Porto Seguro”. Hoje quisestes que o Sacrifício Eucarístico fosse uma memória celebrativa daquela Primeira Missa no Brasil.
Esta circunstância confere ao presente rito um caráter singular e uma nova dimensão. São as raízes históricas do Brasil que transparecem nesta celebração [...]. quisestes que a Missa do Papa, na sua passagem por esta Cidade, fosse a recordação de uma outra Missa: aquela celebrada na terra recém descoberta. O que vos digo agora? A primeira observação a ser feita consiste em destacar que enquanto a maioria dos povos chega ao conhecimento de Cristo e do Evangelho somente depois de séculos de história, as nações do Continente Latino-americano e, entre essas, de modo especial o Brasil, nasceram cristãs. As caravelas que no dia 22 de abril de 1500 aportaram na Baía de Porto Seguro trouxeram, também, os primeiros missionários e evangelizadores, os filhos de São Francisco de Assis.
Pedro Álvares Cabral e os primeiros colonizadores desembarcaram, a cruz foi erguida e celebrada a primeira missa, na qual alguns indígenas admirados se fizeram presentes. Foi dado o nome de Terra de Santa Cruz à nova terra descoberta. Estes fatos, na aurora do Brasil, teriam de marcar profundamente a história de quinhentos anos da nova nação que nascia no Ocidente [...].
Nasceu desse modo, o catolicismo brasileiro, resultado, como o próprio Brasil, de uma miscigenação das mais importantes da história da humanidade [...] neste sentido, o Brasil oferece um testemunho altamente positivo. Aqui se constrói, sob a inspiração cristã, uma comunidade multirracial. Um verdadeiro tapete de raças [...], amalgamadas pelo vínculo da mesma língua e da mesma fé [...]. Todavia é necessário olhar para frente do que para trás. Ocorre saber tirar do passado lições para o futuro. É urgente promover o verdadeiro progresso, que resulta de um processo de desenvolvimento integral, salvando, de qualquer modo, os valores sagrados da fé, da moral, e da família [...].
Pode-se dizer, a partir das vossas raízes históricas, que elas transmitem duas lições: aquela de uma cultura impregnada, desde o primeiro momento da própria existência, de valores da fé e da capacidade dessa mesma fé de integrar raças e etnias diversas. Não é sem sentido que muitos estudiosos do Brasil observam que, conjuntamente à língua, a fé católica da maioria do vosso povo um eminente fator dessa integração que desafia o obstáculo das enormes distâncias, das dificuldades de comunicação, das diversidades climáticas.
CRUZ DA PRIMEIRA MISSA NO BRASIL EM 26 DE ABRIL DE 1500 MUSEU DA SÉ - COIMBRA by Arq. EDUARDO FAUST
Bula de Criação da Diocese de Eunápolis
Assim, no dia 12 de junho de 1996, o São João Paulo II criou a Diocese de Eunápolis, na Costa do Descobrimento do Brasil. Pela Bula APOSTOLICUM MUNUS, nomeando o excelentíssimos e reverendíssimo Dom José Edson Santana Oliveira, seu primeiro Bispo Diocesano. No ano Santo de 2000 registrou uma história política, mas, sobretudo. a chegada do Evangelho, a Elevação do Madeiro da Cruz e a celebração da Primeira Missa na Terra de Santa Cruz. O livro do Padre Gilson Magno dos Santos, cuja publicação é dedicada à Diocese de Eunápolis, no ano em que faz quinze anos de sua fundação, tem características valiosíssimas para o conhecimento da história.
O autor sabe conjugar conhecimento religioso com o sentimento do coração, da justiça e da fé. Ademais, aprendemos, dentre outras coisas, duas importantíssimas: a primeira, a oportunidade de conhecer as escolhas de Deus para a Terra de Santa Cruz; a segunda, as misericórdias de Deus por aqueles que respondem por esta terra. Os cristãos, portanto, continuam a missão com entusiasmo e fervor dos que amam a Cristo e erguem a bandeira da Santa Igreja.
Atualmente, a Diocese de Eunápolis situada na região extremo sul do estado da Bahia e distando 662 km de Salvador, capital do estado, compõe-se de 8 municípios: Eunápolis (sede da Diocese), Guaratinga, Itabela, Itagimirim, Itapebi, Belmonte, Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro. Com 33 Paróquias e 12 Quase-Paróquias e cobrindo uma área de 12.132,10 km², a Diocese conta com aproximadamente 343.347 mil habitantes (IBGE sendo 2010), sendo que a sede conta com mais 114.396 mil habitantes.
Monumento à Primeira Missa erguido em Coroa Vermelha, em abril de 2000.
Foto: Mistura Urbana
Catedral Diocesana Nossa Senhora Auxiliadora em Eunápolis - Bahia
BRASÃO DIOCESANO
Elementos
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Escudo: Campo vermelho carregado em chefe de uma estrela de prata com seis raios, acompanhada de duas cruzes dispostas em faixa e uma cruz situada no centro de um mantel azul perfilado de prata. Todos os móveis do escudo são do mesmo metal;
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Insígnias: Mitra de ouro forrada de vermelho com uma cruz de prata na fronte, Cruz Processional e Báculo, ambos de ouro.
SIGNIFICADO
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Domina no escudo a representação de nossa Senhora Auxiliadora, Rainha do universo e Estrela da Nova Evangelização – está aqui assinalada na estrela de seis raios “Stella Matutina”;
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Consoante o Título Marial, as cruzes aludem aos cristãos que têm o Auxílio de Nossa Senhora, tanto no plano espiritual como na vida temporária, inquestionável para a Salvação das suas almas. Por isso, as cruzes estão sobre as duas cores e são trinas em alusão à Santíssima Trindade; aludem também, as três caravelas do descobrimento do Brasil: Santa Maria, Pinta e Nina, trazendo os primeiros Evangelizadores.